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Poesia visual X Poesia concreta

Tenho viso em algumas publicações e materiais que circulam nas escolas que o termo poesia concreta é usado como sinônimo de poesia visual. Tratam-se, no entanto, de dois conceitos, ou duas classificações, talvez gêneros, diferentes.

O poema concreto é resultado de uma experimentação com a construção poética empreendida pelo movimento cocretista na década de 50/60. Teve como expoentes fundadores os poetas Haroldo e Augusto de Campos e Decio Pignatari.

Os poetas que seguiram (e seguem) as diretrizes do movimento trabalharam o poema em três níveis: o visual, o sonoro e o escrito. Ao trabalho de integração desses níveis chamou-se: verbivocovisual. Dessa forma, o poema deixa sua unidade básica tradicional, que é o verso, para tornar-se um todo que se articula e tem significado se visto como uma combinação da palavra escrita, o som e o aspecto visual.

Essa concepção programática é bem diferente da construção do poema visual.

O poema dito visual é quase que uma brincadeira com as palavras, com o sentido de um ou mais versos. O verso, nesse gênero de poesia, é usado para desenhar o contorno de elementos existentes, objetos a que se referem explicitando o significado do texto ou ilustrando-o de maneira a direcionar a sua leitura. Assim, veem-se xícaras, bicicletas, guarda-chuvas, animais, por exemplo, compostos com os versos/frases em contornos ou silhuetas.

Embora exista uma preocupação visual, perceba que ao explorá-la de maneira a referir a objetos existentes e por meio do verso, distancia-se da poesia concreta, cuja base fundadora é o fim do verso como entendido tradicionalmente.

Por outro lado, se esse é o tipo de poema visual mais conhecido e praticado, há uma derivação mais próxima do concretismo, que, sem trabalhar com o rigor verbivocovisual, extrapola os limites do contorno ou da referência ao objeto cotidiano, formando belas composições que são quase pinturas, muitas delas animadas no computador, e que se organizam não na forma tradicional de poesia, mas na maioria das vezes com frases soltas ou palavras. Mesmo mais próximas e derivadas como um desenvolvimento inevitável da poesia concreta aplicada à tecnologia, não é a poesia concreta em sua essência e deve ser chamada de poesia ou, mais correto, poema visual.

Perceba como em nenhum dos casos de poema que explora a visualidade, seja pelo movimento, seja pela forma das letras ou até seus sons, não chegam a ser poemas concretos se não conduzirem o resultado para um todo verbovocovisual.

A diferenciação entre poema visual (seja a forma animada mais próxima do concretismo, seja a mais usual) e concreto, é sutil e um tanto confusa, pois todo poema concreto é visual, mas nem todo visual é concreto. Assim, pe compreensível que materiais didáticos utilizem um só rótulo. O ideal seria que, ao tratar o visual, comente-se da importância e da ruptura que representou o concretismo.




Como fazer um poema visual infantil (parte 1)

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