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Alguns segredos da crônica

Você conhece crônica?


Escrever crônica não é fácil. É um gênero de texto que exige uma certa intimidade com as palavras e um jeito especial de ver as coisas que acontecem ao nosso redor e, ainda, ter alguma opinião sobre o acontecido. Sim, porque a crônica é como se fosse uma conversa de restaurante, de lanchonete, uma conversa sobre alguma coisa que aconteceu e você compartilha com seu amigo, seus pais, sua família.

A crônica é diferente de um conto ou de uma história em algusn pontos, destaco: não possui muitos personagens e o acontecimento normalmente é narrado em primeira pessoa (eu). Os poucos personagens que aparecem, isso é importante, não são mostrados em muitos detalhes, como numa história. Eles aparecem e não sabemos o que pensam, de onde vêm ou para onde vão.

Para escrever a sua crônica, imagine que viu algo que aconteceu na sua rua, você viu pela janela, e agora vai contar para seu amigo que chegou para brincar. Importante: coloque suas opiniões na sua crônica, mostre o que você pensa sobre o que está contando.

Aqui estão duas crônicas bem pequeninas para ilustrar um pouco o que está dito acima.




1.


O que eu gosto nas girafas é que elas nunca têm dor no pescoço. Pelo menos, isso é o que eu achava. Você já viu alguma girafa com dores? Reclamando como seu avô que acordou com o pescoço duro? Pois fui passear no zoo com minhas amigas e descobri que girafa pode ter dor, sim. A moça disse e eu morri de rir, achando que era piada. Mas não era.

A coitada da pescoçuda tinha se dobrado pra comer o restinho da alfafa que tinha deixado cair e não conseguia mais voltar para cima.

No dia seguinte, saiu no jornal e tudo. “Girafa com torcicolo no zoo da cidade”. Que incrível. Comentei com todo mundo que eu a tinha visto. Sim. Eu estava lá. Alguns acharam que eu estava inventando. Por que não acreditavam em mim? Eu estava lá, sim. Devia ter invadido a casa da pescoçuda para ajudar na massagem. Assim teria saído na foto. Mas tudo bem. Soube que ela está bem. Vou visitá-la de novo e levar um cachecol de presente.




2.


A vovó não me deixa sem comer. Não consigo nem respirar, e lá está ela com o bolinho, o suco, o chocolate, o churrasco, a fruta, o pão…. Tudo bem. Gosto de tudo isso. Mas será que preciso comer tanto? Tem tanta gente que não come nada por aí. Não por estar fazendo regime. Não. Mas porque não tem mesmo o que comer.

Minha avó só quer me agradar, e eu me agrado demais com toda aquela comilança. Mas, na próxima vez, vou pedir pra ela me dar pra levar pro menininho que vive ali naquela esquina. Ali, bem ali. Ele chegou à noite com a família. Só os vi agora de manhã , indo pra escola. Acho que ele gostaria de um pedaço do bolo de cenoura da vovó.







Canções com Paulo Tatit

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